Sobre a constituição do sujeito
Por Liliany Loureiro Pontes (da Tese de Doutorado)
Para Freud (1905/1996), o sujeito se constitui por uma intervenção da função materna que, por meio de seu próprio investimento desejante leva o filho da condição de mera necessidade, quando o instinto guia suas iniciativas, à condição de desejante, quando o filho é inserido no circuito pulsional e passa a fazer escolhas.
Essa conquista é experimentada inicialmente, na relação que o filho estabelece com a mãe, de acordo com Freud (1914/1996), por meio de uma simbiose nas fases iniciais do seu desenvolvimento, quando a criança vivencia o chamado narcisismo primário. O desejo, marca da posição do sujeito, se organiza à medida que o Outro falta e possibilita o aparecimento do que seja da ordem do pulsional. É no exercício de descoberta do algo a mais que a necessidade, que o bebê acaba por ingressar com a falta do Outro no campo da pulsão, na tentativa de dar conta do desejo.
Essa organização subjetiva, que se inicia ainda na simbiose, oferece ao sujeito a possibilidade de demarcar o seu próprio desejo quando o Outro se ausentar. A estrutura desejante se apresenta de forma efetiva quando a criança vivencia o fenômeno da castração, na fase fálica, (Freud, 1923/1996e), quando a função paterna é chamada a atuar e a partir daí, a criança passa ao narcisismo secundário (Freud, 1914/1996) e experimenta a sensível realidade de lidar com a falta do objeto amado, que é perdido pela quebra da simbiose.
Durante a trajetória em que o sujeito vai, da condição de objeto do desejo da mãe, para a posição de sujeito do seu próprio desejo, as vivências sensoriais devem alimentar a instância do inconsciente que servirá de repertório para as repetições futuras, quando o sujeito é convidado a explorar sua sexualidade madura retomando as experiências da infância.
De toda sorte, Freud (1905/1996) apresenta a constituição subjetiva pautada numa repetição inconsciente, quando o sujeito se compromete com o seu próprio desejo e faz escolhas baseadas no repertório de significações sensoriais, traços mnemônicos armazenados. A partir dos investimentos, desejante do Outro e de Lei, da função paterna, o sujeito se organiza com um repertório inconsciente que deve se fazer presente nas exigências do social, em irrupções que demarquem a singularidade.
Portanto, as escolhas que fazemos, sob essa perspectiva, enfatiza a relevância das funções materna e paterna, para a organização do sujeito como ele se encontra atualmente e, por isso, leva a instância do desejo a ocupar um papel preponderante no espaço do social.
Liliany Loureiro (CRP-11/02818)
Realiza atendimento Individual a adolescentes, adultos e Orientação Profissional.
Liliany Loureiro é: psicóloga; doutora em Psicologia pela UNIFOR. Docente e supervisora de estágio na Unifanor Wyden; Coordenadora do Grupo de Estudos em Clínica Psicanalítica – GECLIP e psicóloga no Hospital Dr João Elisio de Holanda, em Maracanaú.
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